segunda-feira, 15 de julho de 2013

Miniaturas

 
Qual a principal vantagem?


Qual a graça em colecionar miniaturas - geralmente em metal - sem a possibilidade de acelerar o veículo de verdade? 

Apesar de reconhecer algumas limitações, posso garantir que as vantagens são muitas! Para não exagerar, citarei apenas quatro: design, custo, espaço e acessibilidade.

Acredito que a mais importante é a acessibilidade: alguns modelos são inatingíveis, seja por valor, antiguidade, raridade ou até inexistência. 

Observem, por exemplo, o Carcará - protótipo brasileiro recordista de velocidade - cujo original foi vendido para o ferro-velho a preço de alumínio. Seria apenas fotos, caso não existissem os modelos em escala reduzida.



Quantos protótipos, ou carros conceito, nunca chegaram à fase de fabricação? Quantas jóias se perderam ao longo do tempo, principalmente num país sem memória? Quantos exemplares, mesmo preservados, são únicos, portanto inacessíveis ?
Essa é uma das principais motivações do blog, que pretende unir a "mania de carrinhos" com a história dos "carrões". As outras vantagens abordaremos ao longo do tempo.


Vamos começar com um dos meus primeiros exemplares, um conceito único ...

O Runabout de Bertone

Miniatura Gorgi Toys, fabricado na Inglaterra, década de 1970


Ele se parece com um bugre, um carro esporte e uma lancha ao mesmo tempo! É um exercício de estilo executado pelos designers do Stúdio Bertone, que liberaram a imaginação sem a preocupação com convenções obrigatórias para os automóveis. Enfim, um protótipo apenas para experiências e exibições, sem viabilidade para fabricação em série - lembram da questão da acessibilidade?. O pára-brisa muito baixo, os faróis no santantônio e a falta de retrovisor externo são alguns dos ítens que comprovam a impossibilidade do uso normal.

Quatro Rodas

Como experiência, o Runabout testava conceitos que poderiam ser utilizados em carros do futuro. Os para-lamas, por exemplo, eram cambiáveis e poderiam se adaptar à largura e tala dos pneus usados. Montado com mecânica do Fiat 128 sobre o eixo traseiro, bastando inverter a posição do pinhão e coroa no diferencial para transformar a tração dianteira em traseira.


A revista Quatro Rodas  teve acesso ao protótipo e escalou nada menos do que Emerson Fittipaldi para o teste. O que mais chamou a atenção de Emerson foi a falta de instrumentos - reduzido a luzes espia e um único módulo parecendo uma bússola - e o pára-brisa baixo, reforçando a aparência de uma lancha. O efeito estético foi considerado excelente.

Emerson na Quatro Rodas


Como já mencionado, os protótipos não servem apenas para divulgação, afinal, algumas inovações podem ser aproveitadas em veículos de linha.  


Curiosidade

Runabout serviu de base para o estilo de um novo carro da Fiat italiana que, por sua vez, serviu de inspiração para uma réplica brasileira. 

O protótipo Bertone foi "civilizado" - com a inclusão de ítens indispensáveis ao uso normal - e lançado pela Fiat em 1972, com o nome X 1/9. Produzido até 1988, foi o carro com motor central mais vendido de todos os tempos, atingindo a marca de 170.000 unidades.


Aqui no Brasil a réplica - em fibra - do X 1/9 recebeu o nome de Dardo. O projeto (1978) da Corona S/A, pertencente ao grupo Caloi, foi capitaneado por Toni Bianco, que conheceu o Fiat no Salão de Turim em 1977. 


Apresentava mecânica 1.3 do Fiat Rallye, montado entre-eixos como o original.


 Os instrumentos foram herdados do mesmo 147 esportivo.


Apesar de exótico, caro e chamativo, apresentava acabamento precário, problemas crônicos no câmbio - genética 147 - e desempenho não compatível com o design. Saiu de linha em 1985, com cerca de 300 unidades produzidas.

Apesar dos problemas apontados, é um modelo raro e belíssimo, além de apresentar o DNA do ...

Runabout Bertone
     

domingo, 14 de julho de 2013

Bandeira Verde

Eterno Campeão

Maior piloto de todos os tempos, Ayrton Senna tinha um compromisso inalienável com a vitória! 

Costumava dizer que o segundo colocado nas corridas era apenas o primeiro perdedor. Essa postura - absolutamente capaz, focada e incansável - poderia até pender para a arrogância, porém, acabou servindo de exemplo e inspiração, influenciando positivamente toda uma nação.

Por esse motivo não poderia lhe negar mais uma ...

Pole Position
  

Unindo as múltiplas "fissuras sobre rodas", agito a Bandeira Verde para outro projeto na grande rede, que representa a mais antiga das minhas paixões: miniaturas !

Ganhei o primeiro exemplar quando tinha cinco anos - um trator com caçamba - que suportou sozinho incontáveis brincadeiras e resiste até hoje, com exceção da cabeça do tratorista.

Aos oito anos comecei a coleção propriamente dita, graças a vários exemplares presenteados por meu cunhado / amigo / irmão Edson Brandão, adquiridos durante uma longa viagem com a família pela Europa.

Muitos anos e incontáveis tentações depois, a escala começou a aumentar, chegando à fase que apelidei de "maxiaturas" ou "modelos em escala real": fui apresentado ao antigomobilismo. 

Profundo admirador do automobilismo, comecei brincando com autorama (modelismo de fenda), passei para os rádio controlados - elétrico e combustão, relaxei com o plastimodelismo e me realizei com as competições de Rallye. Claro que as estantes refletiam essa paixão pelos veículos de competição.

Hoje defendo a idéia de  que todos esses segmentos são - na verdade - um só, pois as miniaturas representam os designs, os mitos, as raridades, as competições e, principalmente, o registro histórico de cada ação ou fato que deixam marcas nesse imenso universo sobre rodas.

Esse é o conceito original do blog - Miniaturas e "Maxiaturas" - ou simplesmente ... 

Mini Max

Mas vamos voltar ao nosso grande campeão e sua fantástica McLaren com as cores da Marlboro.

Modelo: 
McLaren MP 4/4, marca Lang - Alemanha, escala 1:18, fabricada na China


O PRIMEIRO modelo é o inesquecível MP4/4 de 1988, motor V6 turbo - último ano dos "caracóis" na F1 - que garantiu o PRIMEIRO título mundial de Senna, exatamente na terra da Honda.


 O icônico capacete amarelo, no controle da McLaren número 12, era um delírio para os fãs e um pesadelo para os que viam a cena pelo retrovisor de um F1 concorrente.

Aquela corrida no Japão teve um sabor ainda mais especial, pois o título veio após imprevistos e confusões dignos de algum roteiro hollywoodiano.

Após mais uma pole position "mágica", o motor Honda apagou na largada e levou ao desespero toda uma legião que estava acompanhando a corrida durante a madrugada. Quando a motor "pegou no tranco", aproveitando o grid em descida de Suzuka, Senna já estava em 14º lugar.

Logo o desânimo virou êxtase, com Magic Senna fazendo uma corrida se recuperação que beirou a impossibilidade, fechando a 1ª volta em oitavo lugar. Na 20ª volta já estava em segundo lugar, atrás apenas de Alan Prost, que imaginava já ser o campeão diante do "probleminha" de Senna.


Na 27º volta esse foi o ângulo que Prost "ganhou", após uma belíssima ultrapassagem de nosso Eterno Campeão, mesmo possuindo um bólido igual e tendo arrancado 13 carros de vantagem. 

Realmente uma corrida ímpar e um carro histórico !